Chesf confirma que apagão nacional teve início em Quixadá, no interior do Ceará

Linha de Transmissão foi desligada devido a 'atuação indevida do distema de proteção', afirma Chesf

Chesf confirma que apagão nacional teve início em Quixadá, no interior do Ceará
© Jackson Perigoso/Arquivo pessoal
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Na última terça-feira (15), um apagão de grandes proporções afetou 25 estados brasileiros e o Distrito Federal, deixando milhões de unidades consumidoras sem energia elétrica. A ocorrência desse evento drástico foi resultado do desligamento de uma linha de transmissão localizada em Quixadá, no sertão central do Ceará. Segundo informações da Companhia Hidro Elétrica de São Francisco (Chesf), a falha foi provocada por uma "atuação indevida do sistema de proteção", ocorrendo apenas milissegundos antes do desligamento da linha Quixadá II/Fortaleza II, por volta das 8h31.

A linha de transmissão em questão é de extrema relevância para o fornecimento de energia na região. Com tensão de 500 KV, ela possui capacidade para abastecer cerca de 3,1 milhões de pessoas. Sua extensão de 410 quilômetros conecta diretamente subestações nas cidades de Milagres e Fortaleza, no Ceará, além de estar integrada a um sistema que gera energia para estados do Nordeste e Sudeste do país.

Os impactos desse apagão foram significativos, atingindo aproximadamente 29 milhões de unidades consumidoras, englobando residências, comércios, escolas e hospitais. A questão que se coloca é: como um simples desligamento de uma linha de transmissão foi capaz de desencadear uma interrupção tão generalizada no fornecimento de energia elétrica em todo o país?

A Chesf, subsidiária da Eletrobras, ressaltou que, isoladamente, o desligamento da linha de transmissão em Quixadá não teria a força necessária para causar um apagão de tamanha proporção. A empresa afirmou que a manutenção dessa linha segue as normas técnicas estabelecidas e que as redes de transmissão do Sistema Interligado Nacional (SIN) são projetadas com critérios de confiabilidade, de forma que, mesmo com o desligamento de um componente, o sistema deve ser capaz de operar sem interrupções no fornecimento de energia.

A investigação sobre as causas desse evento está em andamento, e não se pode descartar nenhuma hipótese, inclusive a possibilidade de ação ou falha humana. Luiz Carlos Ciocchi, diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), destacou a natureza técnica desse processo de avaliação e a análise de todas as variáveis envolvidas. Ciocchi apontou para o desafio de entender por que um desligamento que, teoricamente, não deveria causar um apagão de tal magnitude, acabou resultando nesse episódio de interrupção generalizada.

A dinâmica da falha no Ceará, segundo o ONS, envolveu o desligamento da linha de transmissão da Eletrobras, algo que não é incomum, mas que normalmente não leva a apagões dessa escala. A questão central é entender por que a abertura dessa linha desencadeou uma reação em cadeia que culminou na interrupção massiva do fornecimento de energia. O ONS segue analisando detalhadamente o evento para determinar a raiz do problema e as causas dessa reação em cascata.

O episódio do apagão levanta questões importantes sobre a robustez e a confiabilidade do sistema elétrico brasileiro, assim como a necessidade de se investir em infraestrutura e tecnologias que possam prevenir situações semelhantes no futuro. A análise técnica e isenta é crucial para garantir a segurança energética do país e evitar que eventos como esse voltem a ocorrer.