Gilmar sobre acesso do CV ao governo Lula: 'O Crime encontrou meios de se situar na sociedade'
A declaração de Gilmar Mendes foi feita em conversa com jornalistas após evento jurídico do Estadão em parceria com a Mackenzie, em São Paulo.

Nesta segunda-feira, 13, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, manifestou preocupação em relação ao encontro de assessores do Ministério da Justiça com Luciane Barbosa Farias, uma mulher associada ao Comando Vermelho (CV). Mendes ressaltou que este episódio é um exemplo claro de como o crime organizado tem encontrado espaço na sociedade brasileira e defendeu que o assunto seja abordado com a seriedade que merece.
Durante um evento jurídico do Estadão em parceria com a Mackenzie, em São Paulo, o ministro afirmou: "Não tenho dados para emitir juízo sobre isso (encontro no Ministério da Justiça). Temos que nos preocupar com a questão do crime organizado como tal. De alguma forma, ele encontrou meios e formas de se situar na sociedade brasileira. Tem se falado muito, por exemplo, da mistura que há entre o crime organizado e a política", afirmou o ministro.
"Acho que precisamos dar atenção a isso e de fato tratar do tema com a seriedade que ele merece.", complementou.
A declaração de Gilmar Mendes veio à tona após o jornal Estadão revelar que Luciane Barbosa Farias, vinculada ao Comando Vermelho, foi recebida por assessores do ministro da Justiça, Flávio Dino, dentro do prédio do ministério em duas ocasiões neste ano. Estas reuniões não foram registradas nas agendas oficiais, levantando questionamentos sobre a transparência e controle de acesso no órgão.
O Ministério da Justiça reconheceu o encontro, referindo-se a Luciane como "cidadã" e alegando que ela fazia parte de uma comitiva, tornando "impossível" a detecção prévia de sua presença pelo setor de inteligência. Contudo, a falta de informações detalhadas sobre os participantes nas agendas públicas de autoridades pode representar um risco, não apenas em termos de segurança, mas também em relação à prestação de contas à sociedade.
Diante das revelações, parlamentares estão demandando esclarecimentos do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino. Alguns pedem investigações e até mesmo cogitam a possibilidade de impeachment em razão das supostas conexões entre assessores do ministério e uma figura vinculada ao Comando Vermelho. O ministro, por sua vez, atribuiu responsabilidades ao secretário de Assuntos Legislativos, Elias Vaz, que afirmou que Luciane estava presente como "acompanhante" e se limitou a discutir questões relacionadas ao sistema penitenciário.
O caso suscita preocupações sobre a integridade e a transparência nas instituições governamentais, bem como sobre a necessidade de investigações para esclarecer as circunstâncias desse encontro e as possíveis ramificações entre o crime organizado e a esfera política. O pedido de impeachment do ministro Flávio Dino adiciona uma dimensão política à questão, destacando a importância de uma apuração rigorosa para assegurar a confiança da população nas instituições responsáveis pela segurança e justiça no país.
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