Mulher de líder do Comando Vermelho teve reunião secreta com assessores de Dino no Ministério da Justiça
Os encontros ocorreram no prédio da pasta, em Brasília, sem que seu nome constasse das agendas oficiais.

Brasília - O Ministério da Justiça e Segurança Pública está no epicentro de um escândalo após a revelação de que assessores do ministro Flávio Dino receberam Luciane Barbosa Farias, conhecida como a "dama do tráfico amazonense", em duas ocasiões este ano, conforme apuração do jornal O Estado de S. Paulo. O encontro se deu no prédio da pasta, em Brasília, sem que seu nome constasse das agendas oficiais.
A "cidadã", como foi referida pelo Ministério da Justiça, teve audiências com Elias Vaz, secretário Nacional de Assuntos Legislativos, em março, e com Rafael Velasco Brandani, titular da Secretaria Nacional de Políticas Penais, em maio. Intrigantemente, Luciane entrou nas instalações do Ministério em maio sob a roupagem de presidente da Associação Instituto Liberdade do Amazonas (ILA), uma ONG de defesa dos direitos dos presos que, segundo a polícia civil do Amazonas, atua em prol de detentos ligados à facção criminosa Comando Vermelho.
A situação ganha contornos ainda mais sombrios ao se considerar o histórico de Luciane, casada com Clemilson dos Santos Farias, o "Tio Patinhas", anteriormente o número um na lista de procurados do governo do Amazonas. O casal foi condenado por lavagem de dinheiro, associação para o tráfico e organização criminosa em segunda instância.
Legenda: Homem conhecido como Tio Patinhas foi preso em apartamento de luxo no Grande Recife
Foto: Polícia Militar/Divulgação
Luciane, apesar de sua sentença de dez anos, recorre em liberdade, enquanto seu marido cumpre pena de 31 anos no presídio de Tefé (AM). O Ministério Público do Amazonas alerta para a periculosidade de "Tio Patinhas", conhecido por métodos violentos, como o incidente em que um cadáver foi encontrado com um cartaz que dizia "devia ao Tio Patinhas" em Manaus, em abril de 2019.
A atuação do casal não se limita ao tráfico de drogas; Luciane, apontada como o braço financeiro de seu marido, é acusada de participar ativamente na ocultação de valores oriundos do narcotráfico, adquirindo bens luxuosos e registrando empresas de fachada. A escalada do poder econômico do casal, evidenciada por um aumento de 1.053% em seus bens declarados entre 2015 e 2016, levanta questões sobre o controle efetivo das autoridades sobre atividades criminosas de grande envergadura.
Diante desses fatos, a sociedade exige respostas do Ministério da Justiça e uma explicação do ministro Flávio Dino sobre como uma figura tão ligada ao crime organizado teve acesso a instâncias tão elevadas do governo sem ser devidamente registrada.
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