Quase um terço dos casos de esquizofrenia em homens jovens está ligado ao uso de maconha

Pesquisa analisou dados de mais de 6 milhões de pessoas e destaca os perigos do consumo de maconha de alta potência para a saúde mental.

Quase um terço dos casos de esquizofrenia em homens jovens está ligado ao uso de maconha
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Um novo estudo realizado na Dinamarca revelou que até 30% dos casos de esquizofrenia entre homens jovens podem estar relacionados ao uso pesado de maconha. Os dados analisados abrangem mais de seis milhões de pessoas e foram publicados este mês na revista Psychological Medicine. Além disso, a pesquisa constatou que a proporção de novos casos de esquizofrenia associados ao transtorno do uso de cannabis tem aumentado consistentemente desde a década de 1970, provavelmente devido ao aumento da potência da droga.

O estudo, conduzido por pesquisadores do Instituto Nacional de Abuso de Drogas e dos Serviços de Saúde Mental na Região da Capital da Dinamarca, analisou dados de cinco décadas e mais de 6,9 milhões de pessoas. Essa pesquisa fortalece a evidência crescente de que o uso pesado de maconha de alta potência pode ser prejudicial à saúde mental, especialmente entre os jovens. Essa descoberta ocorre em um momento em que vários estados nos Estados Unidos legalizaram recentemente o uso recreativo da maconha ou estão prestes a fazê-lo.

No último mês, Delaware tornou-se o 22º estado a legalizar a maconha recreativa, seguindo os passos de Maryland, que também legalizou a droga este ano, e de Missouri, que o fez no ano passado. Minnesota está prestes a legalizar a maconha recreativa, com a aprovação das leis de legalização pela Câmara e pelo Senado do estado, que estão atualmente no processo de reconciliação de diferenças em um comitê. Ohio pode votar pela legalização ainda este ano, e defensores da legalização na Flórida estão perto de coletar assinaturas suficientes para incluir uma emenda constitucional pró-maconha recreativa na cédula de 2024.

O principal autor do estudo, Carsten Hjorthøj, destacou a importância do estudo, afirmando que o aumento na legalização da cannabis diminuiu a percepção dos danos causados pela droga. Hjorthøj afirmou:

"Este estudo aumenta nossa crescente compreensão de que o uso de cannabis não é inofensivo e que os riscos não são fixados em um ponto no tempo".

Embora pesquisas anteriores já tenham mostrado que o uso frequente e precoce de cannabis está associado a um maior risco de desenvolvimento de esquizofrenia, esse novo estudo analisou a relação entre o transtorno do uso de cannabis e a esquizofrenia com base no sexo e na idade.

Os pesquisadores estimaram que 15% dos casos de esquizofrenia em homens entre 16 e 49 anos poderiam ter sido evitados se eles não tivessem desenvolvido dependência de cannabis. Para os homens jovens entre 21 e 30 anos, os pesquisadores estimaram que até 30% dos casos de esquizofrenia podem estar ligados ao vício em maconha. Já entre as mulheres, o estudo indicou que 4% dos casos de esquizofrenia em mulheres de 16 a 49 anos provavelmente poderiam estar relacionados ao uso pesado de maconha.

Um caso recente destacado pela National Review ilustra as consequências negativas do uso de maconha. Catherine Mayberry, ex-estudante e atleta do ensino médio em Minnesota, foi diagnosticada com esquizofrenia após se tornar viciada em maconha na adolescência. Infelizmente, ela acabou falecendo de uma overdose de metanfetaminas misturadas com fentanil. Seus pais acreditam que a psicose desenvolvida por Catherine foi decorrente do uso de maconha. Essa história pessoal corrobora com as descobertas do estudo e destaca a importância de se considerar os riscos associados ao consumo da droga.

Robin MacGregor Murray, professor de pesquisa psiquiátrica no King's College London, enfatizou que existe uma relação entre cannabis e psicose. Ele destacou que essa conexão é ainda mais forte quando se trata de maconha de maior potência. Segundo ele, essa pode ser uma das razões pelas quais pessoas psicóticas não eram tão comumente observadas após o uso de maconha quando ele era jovem.

A Dra. Nora Volkow, diretora do Instituto Nacional sobre Abuso de Drogas e coautora do estudo, ressaltou a importância de aumentar a prevenção, a triagem e o tratamento para pessoas que possam sofrer de doenças mentais associadas ao uso de cannabis. À medida que o acesso a produtos de cannabis potentes continua a crescer, essas medidas tornam-se cruciais para a saúde pública.

Em suma, o estudo dinamarquês fornece mais evidências sobre a associação entre o uso pesado de maconha e a esquizofrenia, principalmente entre os homens jovens. Essa pesquisa destaca a necessidade de uma maior conscientização sobre os riscos do uso da droga, especialmente em um contexto de legalização crescente. A saúde mental das pessoas, em particular dos jovens, deve ser levada em consideração ao se discutir políticas de uso recreativo de maconha.