Dólar cai pelo quarto dia seguido, fecha a R$ 4,915 e acumula queda de 2,82% na semana

Moeda fechou em R$ 4,91, o menor valor desde 8 de junho de 2022, quando foi cotada a R$ 4,8906.

Por Redação GCE . Em 14/04/2023 - 19:28h  |  Atualizado em:  14/04/2023 - 19:39h

Dólar cai pelo quarto dia seguido, fecha a R$ 4,915 e acumula queda de 2,82% na semana
© Reprodução/Infomoney
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O dólar teve uma sessão de volatilidade nesta sexta-feira (14) e chegou a subir quase 1%, mas perdeu forças e fechou em queda pela quarta sessão seguida, registrando forte desvalorização semanal.

A divisa americana comercial fechou a sessão em queda de 0,23%, a R$ 4,915 na compra e na venda, renovando o menor fechamento desde junho de 2022. Nas últimas quatro sessões completas, o dólar acumulou baixa de 2,97% e, na semana, a queda foi de 2,82%. Em abril, a baixa acumulada é de 3,04% e, no ano, é de 6,9%.

Na véspera, o dólar à vista fechou o dia cotado a R$ 4,926 na compra e na venda, em baixa de cerca de 0,3%.

Ontem, mais um dado de inflação veio abaixo do esperado nos EUA e contribuiu para o cenário de queda da divisa. O Índice de Preços ao Produtor (PPI, na sigla em inglês) caiu 0,5% em março em dados dessazonalizados, ante queda de 0,1% em fevereiro. O consenso Refinitiv apontava para estabilidade no mês e alta de 3,0% no ano.

Também contribuindo para a queda da divisa, esteve o dado de pedidos de auxílio desemprego no país, que aumentou mais do que o esperado na semana passada, mais um sinal de que as condições do mercado de trabalho estão se afrouxando à medida que os custos de empréstimos mais altos afetam a demanda na economia. Os pedidos iniciais de auxílio-desemprego aumentaram em 11.000, para 239.000 em dado com ajuste sazonal na semana encerrada em 8 de abril. Economistas consultados pela Reuters previam 232.000 pedidos para a última semana.

Na quarta, o mercado de câmbio já havia refletido o resultado da inflação em março a partir da avaliação de que a desaceleração dos preços pode levar o Fed a antecipar o fim do ciclo de aperto monetário.

“O grande fator para a queda do dólar é certamente a mudança da perspectiva para a política monetária americana. A projeção para os FedFunds no fim do ano caiu recentemente de 5,60% para 4,38%. Isso teve grande impacto no valor do dólar frente a divisas emergentes”, afirmou o economista-chefe do Banco Pine, Cristiano Oliveira.

“O resultado aumentou as apostas de que o Fed (o banco central americano) pode ser menos duro na alta de juros, o que foi positivo para moedas emergentes”, completou a economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest.

Já nesta sexta, somando-se às leituras de índices de preços, dados mostraram que as vendas no varejo dos EUA caíram mais do que o esperado em março (-1%), sugerindo que a economia perdeu força no final do primeiro trimestre por causa das taxas de juros mais altas.

Segundo o grupo XP Investimentos, há uma melhora com a percepção de que o ajuste monetário está funcionando, ou seja, não será necessário manter o ciclo de aumento dos juros por mais tempo que o antecipado. Além disso, tem diminuído a probabilidade de um colapso gerado pelo sistema financeiro, o que também reduz a aversão ao risco.

O presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, disse nesta sexta que mais um aumento de 0,25 ponto percentual na taxa de juros pela autoridade monetária dos EUA pode permitir o encerramento do seu ciclo de aperto monetário com alguma confiança de que a inflação retornará firmemente à meta de 2%.

Neste contexto, cabe relembrar o conceito de carry trade, aponta a XP. Isso acontece quando o Brasil tem taxas de juros elevadas em relação a economias desenvolvidas (que é o caso atualmente), um fluxo comum é a de entrada de recursos estrangeiros para aproveitar essa diferença.

Ou seja, investidores que estão em países com taxas mais baixas que as nossas podem pegar seus recursos, converter esse dinheiro da moeda origem para o real e, a partir disso, investir o dinheiro em ativos brasileiros com remuneração superior à taxa vigente do país de origem. Assim, a diferença entre as taxas será um fator positivo na remuneração desse investimento no carry trade. O diferencial de juros entre o Brasil e os países desenvolvidos tem favorecido essa operação, valorizando o real.

Operadores têm repetido que o nível da taxa Selic, atualmente em 13,75%, oferece uma rentabilidade interessante para investidores estrangeiros que tentam lucrar com estratégias de câmbio que se aproveitam de diferenciais de juros.

Pesa a favor também o fato de a China seguir apresentando dados fortes de atividade, o que mantém o preço de commodities elevado. O Brasil é exportador de petróleo, grãos, minério, por exemplo — produtos que tendem a apresentar altas nos preços quando a demanda chinesa está aquecida.

Cabe destacar ainda os novos acordos que o presidente Lula está assinando na China, o que deve impulsionar exportações e beneficiar a entrada de moeda americana.

No panorama nacional, a perspectiva de apresentação do arcabouço fiscal com um limite de gastos (ainda que mais elevado que o anterior) e procurando receitas para financia-los também contribui para a melhora de sentimento, com redução de riscos, favorecendo a queda da moeda americana.