Megaoperação da PCRS cumpre 383 mandados judiciais em 22 estados e no DF contra organização criminosa
Operação "Fim da Linha" investiga esquema de lavagem de dinheiro proveniente do tráfico de drogas. Apreensão de bens e prisões são realizadas em várias regiões do país.

Polícia Civil cumpre mandados de busca e apreensão em todo o Brasil contra organização criminosa envolvida em lavagem de dinheiro proveniente do tráfico de drogas. A ação, denominada "Operação Fim da Linha - do Oiapoque ao Chuí", está sendo realizada nesta quarta-feira (7) e abrange 22 estados brasileiros, além do Distrito Federal. No total, estão sendo cumpridos 383 mandados de busca e apreensão.
A lista de bens a serem apreendidos inclui 187 veículos, sete embarcações e nove aeronaves, totalizando o valor de R$ 43 milhões. Além disso, quatro mandados de prisão preventiva estão sendo cumpridos no Mato Grosso do Sul, e 42 imóveis estão sendo investigados pela polícia como parte das ações do grupo criminoso.
A operação é a quarta fase de uma investigação iniciada em 2021 e conta com a participação de 1,3 mil policiais. Nos municípios de Barra do Quaraí e Uruguaiana, localizados na fronteira com a Argentina, estão concentrados o maior número de mandados judiciais a serem cumpridos no Rio Grande do Sul.
De acordo com a Polícia Civil, o principal alvo na região é uma rede de supermercados suspeita de envolvimento com a lavagem de dinheiro. A empresa teria recebido recursos provenientes de duas empresas e uma pessoa física do Mato Grosso do Sul.
A investigação abrange suspeitas de lavagem de dinheiro por parte de organizações criminosas relacionadas ao tráfico de drogas não apenas no Rio Grande do Sul, mas também em outros estados, incluindo grupos com atuação na Região Sudeste.
A "Operação Fim da Linha" teve início a partir das investigações da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (DRACO) de Passo Fundo, no Norte do Rio Grande do Sul, no ano de 2021. O objetivo inicial era desarticular a atuação de organizações criminosas envolvidas com tráfico de drogas, comércio de armas e contrabando de cigarros em várias regiões do estado.
Nas três primeiras fases da operação, realizadas em fevereiro e julho de 2022, foram feitas apreensões de veículos, bloqueio de contas bancárias, além do cumprimento de 65 prisões e 110 mandados de busca e apreensão. Também foram apreendidos 720 quilos de maconha e 26,8 quilos de cocaína.
Os telefones apreendidos nas fases anteriores da operação forneceram informações relevantes para as investigações, incluindo evidências relacionadas ao tráfico de drogas, compra e venda de armas de fogo, contrabando de cigarros e transações bancárias.
No foco da quarta fase da operação está a lavagem de dinheiro, em que contas bancárias de pessoas físicas e jurídicas são amplamente utilizadas para permitir a circulação de recursos provenientes de atividades criminosas. Muitas dessas contas já eram investigadas por participação prévia em atividades semelhantes junto a duas das principais organizações criminosas do país.
Durante as investigações, constatou-se que vários suspeitos identificados por meio de quebras de sigilo telefônico são residentes de outros estados, como Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Goiás e Bahia. A Polícia Civil verificou que tanto pessoas físicas quanto jurídicas atuavam como "laranjas", lavando dinheiro para organizações criminosas. Os suspeitos movimentavam quantias incompatíveis com seu contexto socioeconômico, no caso das pessoas físicas, ou com sua atividade-fim, no caso das pessoas jurídicas.
Com base nas quebras de sigilo bancário referentes ao período entre janeiro e setembro de 2021, a Polícia Civil identificou uma movimentação total de mais de R$ 293 milhões entre os investigados. Dados levantados pelas autoridades indicam que um dos suspeitos movimentou R$ 6 milhões em poucos meses, enquanto outro transferiu cerca de R$ 36,5 milhões durante o período investigado. Em ambos os casos, as quantias são incompatíveis com as ocupações das pessoas físicas envolvidas.
Outras descobertas incluem pessoas jurídicas atuando como "empresas fantasma", administrando grandes quantias em contas bancárias sem justificativa contábil aparente. Uma dessas empresas movimentou R$ 94,9 milhões em poucos meses, enquanto outra geriu mais de R$ 27,7 milhões, de acordo com informações obtidas pela Polícia Civil.
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