Operação conjunta apura suposto esquema bilionário de venda de ouro

Segundo a Polícia Federal, criminosos agiam principalmente na região de Itaituba, no Pará, fraudando notas fiscais para regularizar o ouro extraído de garimpos ilegais.

Operação conjunta apura suposto esquema bilionário de venda de ouro
© Divulgação/PF
Publicidade

Nesta quarta-feira, dia 15, a Polícia Federal prendeu duas pessoas no estado do Pará, suspeitas de participar de um esquema de compra e venda de ouro extraído ilegalmente da região amazônica. A Operação Sisaque, realizada em conjunto com a Receita Federal e o Ministério Público Federal (MPF), também resultou no bloqueio judicial de mais de R$ 2 bilhões pertencentes aos investigados.

O nome da operação faz referência à história bíblica de Sisaque, rei do Egito que saqueou os tesouros do templo de Judá.

De acordo com a PF, uma das três prisões cautelares autorizadas pela Justiça Federal foi realizada em Belém e outra em Santarém. Até o momento, o alvo do terceiro mandado judicial de prisão preventiva não foi encontrado. Por questões legais, os nomes dos investigados não foram divulgados.

Os agentes federais também cumpriram 27 mandados de busca e apreensão em endereços relacionados aos investigados. A busca por documentos e elementos que possam ajudar os investigadores ocorreu em diversos municípios do Pará, Rio de Janeiro, Brasília, Goiânia, Manaus, São Paulo, Tatuí, Campinas, Sinop, em Mato Grosso, e Boa Vista.

Mais de 100 policiais federais, cinco auditores fiscais e três analistas da Receita Federal participaram da Operação Sisaque. Segundo a PF, a organização criminosa agia principalmente na região de Itaituba, onde falsificavam notas fiscais para regularizar o ouro extraído de garimpos ilegais.

Desde 2021, um esquema de emissão de notas fiscais fraudulentas vem sendo investigado pela Receita Federal, devido a inconsistências detectadas. De acordo com o delegado federal Vinícius Serpa, que lidera as investigações, os relatórios produzidos pela Receita apontaram a existência de uma organização criminosa. Empresas menores emitiam notas fiscais para dar uma aparência de legalidade ao ouro obtido ilegalmente, que era repassado para empresas maiores, culminando em uma única empresa exportadora.

A Polícia Federal informou que há evidências de que, entre o começo de 2020 e o final de 2022, a emissão de notas fiscais eletrônicas fraudulentas ultrapassou os R$ 4 bilhões, correspondendo a cerca de 13 toneladas de ouro ilícito que foram exportadas para outros países, principalmente por meio de uma empresa com sede nos Estados Unidos. A PF também destacou que essa empresa, que não teve seu nome divulgado, criava estoques fictícios para dar a aparência de legalidade a uma grande quantidade de minério vendido ilegalmente para empresas em Dubai, Itália, Suíça, Hong Kong, Emirados Árabes Unidos e outros países.

Os investigados poderão ser responsabilizados pelos crimes de adquirir e comercializar ouro obtido ilegalmente, pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem autorização, lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa, conforme sua responsabilidade.